O Reino Unido rejeitou apelos dos EUA para usar suas bases
militares para apoiar a acumulação de forças no Golfo, citando um
parecer jurídico secreto que afirma que qualquer ataque preventivo
contra o Irã poderia violar o direito internacional. Segundo o jornal
britânico "The Guardian" diplomatas americanos também têm feito lobby
para o uso de bases britânicas em Chipre, além de pedir permissão para
voar a partir de bases americanas de Ascension Island, no Atlântico, e
Diego Garcia, no Índico, ambos territórios britânicos.
As abordagens dos EUA fazem parte do planejamento de contingência
sobre o impasse nuclear com Teerã, mas ministros britânicos até agora
reagiram friamente aos pedidos. Eles têm anunciado às autoridades
americanas sobre um parecer jurídico elaborado pelo escritório do
procurador-geral, que foi distribuído a Downing Street, ao Ministério de
Relações Internacionais e ao Ministério da Defesa.
Isso deixa claro que o Irã, que tem consistentemente negado que tem
planos para desenvolver uma arma nuclear, atualmente não representam
"uma ameaça clara e presente", disse a fonte ao "The Guardian". Dar
assistência às forças que poderiam estar envolvidas em um ataque
preventivo seria uma clara violação do direito internacional.
- O Reino Unido violaria o direito internacional se facilitasse o que
equivaleria a um ataque preventivo contra o Irã – afirmou uma fonte do
governo ao jornal britânico. – Isto é explícito. O governo vem usando
isso para rebater o pedido dos americanos.
Fontes disseram que os EUA ainda precisam fazer um pedido formal ao
governo britânico, e que eles não acreditam que uma aceleração do
conflito seja iminente ou mais provável.
- Mas eu acho que os EUA ficaram surpresos de que os ministros tenham
relutado em fornecer garantias sobre este tipo de assistência inicial –
disse a fonte ao jornal britânico – Eles esperavam resistência dos
democratas liberais, mas não do lado conservador de seu partido (a
chamada direita Tory). Isso foi um pouco surpreendente.
A situação reflete a falta de apetite dentro da governo para que o
Reino Unido seja arrastado para qualquer conflito, ainda que a Marinha
Real tenha uma grande presença no Golfo – caso os esforços diplomáticos
falhem. A Marinha tem mais de 10 navios na região, incluindo um
submarino de propulsão nuclear. Sua embarcações anti-minas estão em
permanente rotação para ajudar a garantir que as rotas marítimas
estrategicamente importantes feitas pelo Estreito de Ormuz permaneçam
abertas.
O Reino Unido disse que só se envolveu uma vez num conflito que já
havia começado, e tem sido relutante em cometer o apoio aberto a
Washington no acúmulo de qualquer ação militar.
- É bastante provável que, se os israelenses decidirem atacar o Irã,
ou se os americanos sentirem que precisam fazer isso ou apoiá-los, o
Reino Unido não seja informado de antemão – afirmou a fonte ao "The
Guardian" – Em alguns aspectos, o governo do Reino Unido prefere dessa
maneira.
Com os esforços diplomáticos paralisados pela campanha presidencial
dos EUA, um novo impulso para resolver a crise só deve começar no final
de novembro ou dezembro. Seis potências mundiais – EUA, Reino Unido,
França, Alemanha, Rússia e China – vão liderar uma equipe que deve fazer
uma oferta para acabar com algumas das sanções à economia do Irã, em
troca de que Teerã limite seu estoque de urânio enriquecido. O Irã será
representado pelo seu negociador-chefe, Saeed Jalili.
Reuters
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