segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Rússia, o Irã e a guerra contra Israel

É muito interessante o que tem acontecido no Irã nestes últimos anos, principalmente depois que Mahmoud Ahmadinejad foi eleito presidente daquele país. Na sua escalada em direção a um programa nuclear, o Irã não somente tem provocado grande inquietação entre os líderes mundiais, mas o próprio presidente Ahmadinejad já demonstrou o que faria com as armas atômicas, caso lhe fosse permitido fabricá-las e colocá-las em operação. Quase todos os especialistas em geopolítica acreditam que ao mundo aguardam momentos de grande tensão, enquanto pensa no que fazer acerca dessa ameaça crescente.

O presidente Ahmadinejad
Teerã fornece recursos financeiros, treinamento e armas aos piores terroristas do mundo, inclusive para o Hezbollah, o Hamas, e a Frente Popular de Libertação da Palestina, além de manter um relacionamento estreito com a al-Qaeda.
Foto: guerrilheiros do Hamas
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No curto espaço de tempo em que está na presidência do Irã, Ahmadinejad tem feito inflamados pronunciamentos anti-semitas contra Israel. Ele declarou que o Estado judeu devia ser varrido do mapa. Pelo menos é animador que ele considere a presença de Israel no mapa, já que a maioria dos mapas islâmicos do Oriente Médio nem sequer indica a existência do Estado judeu, ao contrário, identificam aquele território apenas pelo termo Palestina. Ahmadinejad foi mais além, ao afirmar que Israel deveria ser destruído por um ataque nuclear. Posteriormente, disse que os judeus deveriam deixar o seu país e voltar para a Europa. Ele chegou ao ponto de fazer uma ameaça nuclear aos Estados Unidos. Tudo isso ocorreu em poucos meses, desde que se tornou presidente. O Irã passou a ser o país mais perigoso do mundo. Mart Zuckerman sintetizou essa fúria terrorista iraniana da seguinte maneira:
O Irã atualmente é a mãe do terrorismo islâmico. Diante dos olhos de todos, Teerã fornece recursos financeiros, treinamento e armas aos piores terroristas do mundo, inclusive para o Hezbollah, o Hamas, e a Frente Popular de Libertação da Palestina, além de manter um relacionamento estreito com a al-Qaeda. Tem concedido refúgio aos principais terroristas da organização, entre os quais se incluem o chefe do comando militar Saif al-Adel, os três filhos de Osama bin Laden e o porta-voz da al-Qaeda, Suleiman Abu Ghaith. Patrocina muitos terroristas sanguinários no Iraque, os quais têm matado civis inocentes a fim de minar e destruir a frágil democracia iraquiana. Através da sua fronteira com o Iraque, de aproximadamente 1.660 quilômetros, o Irã inunda o território do seu vizinho com dinheiro e combatentes. Infiltra agitadores no Afeganistão; patrocinou o terrorismo contra a Turquia, sustentando a Síria; e ainda “deu uma mãozinha” no atentado a bomba contra as Torres Khobar na Arábia Saudita.[1]
O Irã infiltra agitadores no Afeganistão; patrocinou o terrorismo contra a Turquia, sustentando a Síria; e ainda “deu uma mãozinha” no atentado a bomba contra as Torres Khobar na Arábia Saudita (foto).
Qual é a mentalidade que orienta uma pessoa como Ahmadinejad? Um analista observou o seguinte: “Em todos os seus pronunciamentos loucos, Ahmadinejad reflete uma concepção de final dos tempos: sob a égide dele, a história chega ao seu fim apoteótico”.[2] Quais seriam as convicções proféticas desse muçulmano devoto?
No contexto da tradição muçulmana xiita, que predomina no Irã, um imã é um líder espiritual que pertence à legítima descendência consangüínea do profeta Maomé. Na fé islâmica há uma profecia referente à vinda do Décimo Segundo Imã: “O imã Muhammad Abul Qasim (Al-Mahdi/AS), o último na linhagem dos Doze Imãs Ithna Askari, nasceu em Samarra, no Iraque, no dia 15 de shabaan do ano 255 no calendário Hijri*. 
Seu pai era o décimo primeiro imã Hasan Al-Askari (AS) e sua mãe foi Nargis Khatoon, neta do imperador de Rum” (talvez Romênia ou povos ciganos romani – N.T.).[3] Crê-se que Muhammad, desaparecido aos cinco anos de idade na caverna da grande mesquita de Samarra em 878 d.C., e que não deixou descendência, voltará quando o fim do mundo estiver próximo.
O imã oculto [...] reaparecerá ao mundo da humanidade. Essa volta é o evento futuro de maior importância para os fiéis xiitas e reserva conseqüências escatológicas estrondosas. Tal volta ocorrerá imediatamente antes do Juízo Final e do fim da história. O imã Mahdi voltará à frente dos exércitos de justiça e pelejará contra as forças do mal numa derradeira batalha apocalíptica. Depois que o mal tiver sido derrotado e aniquilado, o imã Mahdi governará o mundo por vários anos, num governo perfeito, e desenvolverá uma perfeita espiritualidade entre os povos da terra. Após vários anos de reinado do imã Mahdi, Jesus Cristo voltará [...]
Crê-se que Muhammad, desaparecido aos cinco anos de idade na caverna da grande mesquita de Samarra (foto) em 878 d.C., voltará quando o fim do mundo estiver próximo.

Portanto, a Fé Xiita dos Doze é uma religião profundamente escatológica. Para se compreender as crenças religiosas xiitas, é necessário perceber que o final dos tempos será precedido por uma era de justiça e espiritualidade. O mundo, do ponto de vista xiita, é um lugar altamente imoral, degenerado e corrupto; essas realidades são o prelúdio que anuncia o aparecimento do imã Mahdi. Tal como o cristianismo, a religião xiita é visceralmente profética. À semelhança da Fé Cristã, o final dos tempos e a manifestação do Mahdi serão precedidos por uma série de eventos preditos na profecia. Logo, o fiel xiita, como muitos crentes em Cristo, vive num mundo repleto de sinais do iminente epílogo da história. Isso é essencialmente importante na compreensão da cultura e da concepção política dos xiitas. A maior parte da história iraniana só pode ser entendida à luz da Doutrina da Volta [do imã] e suas respectivas profecias. Por exemplo, durante a Revolução Iraniana muitos iranianos acreditavam que o aiatolá Ruhollah Khomeini, o cabeça espiritual e ideológico da revolução, era o Imã Desaparecido que voltara ao mundo da humanidade. Ainda que Khomeini nunca tenha admitido que o fosse, ele também nunca o negou. Sob muitos aspectos os revolucionários criam que estavam projetando ou inaugurando o reinado de justiça no mundo, assim como os ingleses protestantes radicais que colonizaram os Estados Unidos criam que estavam inaugurando o reinado milenar dos santos, que precederia o fim do mundo. A política iraniana atual de modo nenhum pode ser divorciada dos ditames religiosos do Islamismo Xiita.[4]
É importante observar que Ahmadinejad crê piamente no programa profético relativo ao Décimo Segundo Imã, bem como acredita que tem de fazer tudo o que puder para ver o seu cumprimento. Essa é a razão pela qual ele fez menção ao Décimo Segundo Imã em seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU). Ahmadinejad crê que o Décimo Segundo Imã só retornará num tempo em que o mundo estiver no caos, o que esclarece o motivo pelo qual ele parece tão intrépido em levar o Irã rumo ao objetivo de obter armas nucleares.

Beth Shalom
DeOlhOnafigueira 

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