sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ONG coloca cartunista brasileiro na lista dos dez mais antissemitas

Cartunista Carlos Latuff
Conhecido internacionalmente pela militância em favor dos palestinos, o cartunista brasileiro Carlos Latuff, autor de ilustrações críticas a Israel, acaba de ser incluído em uma lista das dez organizações ou pessoas consideradas mais antissemitas do mundo, publicada na última quinta-feira (27) pelo centro de defesa dos direitos humanos Simón Wiesenthal.

O relatório resume: "Durante os conflitos recentes instigados pelo Hamas contra o Estado judaico, o brasileiro criticou Israel e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por fazer o que qualquer outro líder mundial teria feito para proteger civis inocentes".

Latuff aparece logo na terceira posição da lista, atrás apenas do líder Mohammed Badie, guia espiritual do partido islâmico egípcio Irmandade Muçulmana que acusou os judeus de "disseminar a corrupção pelo mundo", e do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, que propôs em várias ocasiões "riscar o Estado Hebreu do mapa".

Em 2011, o cartunista emprestou seus traços a protestos de manifestantes da Primavera Árabe. Utilizados na Líbia, seus desenhos antecipavam a queda do ditador Muammar Gaddafi e imaginavam o futuro do país após a mudança.

Em entrevista, Latuff disse que o incidente teve início com a publicação no dia 20 de novembro de uma charge crítica às investidas do Exército israelense na Faixa de Gaza. O desenho foi reproduzido pelo site americano "Huffington Post". Um dos líderes da Simón Wiesenthal teria pedido a retirada do desenho do blog e acusado o brasileiro de antissemitismo.

"Não é uma crítica ao conteúdo de minhas charges, é uma tentativa de associar questionamentos quanto à postura do Estado de Israel ao sentimento antijudaico, criminalizando a manifestação e buscando confundir a opinião publica", diz Latuff.

De acordo com o cartunista, retratar a causa palestina ainda é motivo de receio por parte dos artistas, pois "as portas podem se fechar para eles". Em uma nota em seu perfil no Facebook, Latuff diz que "não foi a primeira e nem será a última vez que tal incidente acontece".

"Vou continuar fazendo desenhos que defendam os palestinos, os indígenas no Chile, contra a violência policial no Brasil", diz Latuff. "É um trabalho autoral, mas não se trata só da minha opinião. É preciso que seja útil para os manifestantes, e que eles possam usar aquilo como uma ferramenta."


Abaixo do artista brasileiro, na quarta posição da "lista negra", está um grupo de torcedores europeus por seus cantos contra a equipe do Tottenham Hotspur, que tem sua sede em um tradicional bairro judeu de Londres --em uma recente partida contra o West Ham United, parte da torcida cantou "Adolf Hilter vem aí e vai ter câmara de gás", em referência aos campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A lista traz ainda o partido ucraniano de direita Liberdade (Svoboda), o partido grego nacional socialista Amanhecer Dourado e o partido de extrema direita húngaro Jobbik.

Fecham o ranking antissemita Trond Ali Linstad, ativista norueguês, Jakob Augstein, editor da revista alemã "Der Freitag" e colaborador da "Spiegel", e o norte-americano de origem muçulmana Louis Farrakhan.

Folha
DeOlhOnafigueira

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