Um hacker de 19 anos alega ter
fraudado o resultado das eleições municipais de 2012 em uma cidade do
estado do Rio de Janeiro, e ele teria feito isso sem invadir nenhuma
urna eletrônica.
A declaração coloca em dúvida toda a segurança e
autenticidade das eleições informatizadas realizadas no país.
Segundo informações divulgadas pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT),
o jovem, chamado apenas de Rangel, acessou de forma ilegal a intranet
da Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro e alterou os resultados da
votação na Região dos Lagos.
O depoimento de Rangel diz que
dentre os candidatos beneficiados pela fraude estaria o deputado Paulo
Melo (PMDB), atual presidente da Assembleia Legislativa do RJ (Alerj).
Para alterar os votos da população, Rangel se juntou a um pequeno grupo
de hackers para modificar os dados na intranet antes deles serem enviados para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Ele alega ainda que a equipe conseguiu acessar essa área privada por meio da rede da Oi. A operadora de telefonia é responsável pelo fornecimento da infraestrutura para a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro. "A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada", disse o hacker.
O
depoimento de Rangel foi realizado durante um seminário organizado por
institutos ligados ao PR e PDT, que visa discutir a confiabilidade do
sistema de urnas eletrônicas. Apesar do caso ter vindo à tona durante a
conferência, ele afirma que a Polícia Federal já está ciente do caso e
já tomou seu depoimento. Rangel afirma viver atualmente sob proteção
policial.
"Um crime grave foi cometido nas eleições municipais
deste ano, Rangel o está denunciando com todas as letras - mas
infelizmente até agora a Polícia Federal não tem dado a este caso a
importância que ele merece porque ele atinge a essência da própria
democracia no Brasil, o voto dos brasileiros", argumentou Fernando
Peregrino, coordenador do seminário.
Mas como funciona a urna eletrônica?
A
máquina onde a grande maioria dos brasileiros insere seu voto funciona
por meio de uma apuração do tipo DRE (Direct Recording Electronic voting
machine), caracterizada pela gravação eletrônica direta sem impressão
do voto para conferência do eleitor.
De acordo com o Projeto Básico estipulado pelo TRE,
as urnas devem possuir dois cartões de memória flash, um interno e
outro externo, com os dados idênticos, onde está gravado o sistema
operacional, os programas aplicativos, os dados sobre os candidatos e
onde os votos vão sendo gravados através de mecanismos de segurança e
redundância de forma a tentar dificultar desvio de votos e a quebra do
seu sigilo. A máquina também precisa possuir um pendrive para gravar o
resultado ao final da votação.
Imagem: Reprodução / Eleições 2012
Na
hora da apuração, um conjunto de aplicativos instalados em uma máquina -
que fica sob custódia de um juiz eleitoral - realiza a leitura dos
dados que foram retirados das urnas eletrônicas. A transmissão dos
arquivos é feita em lotes, e a comunicação entre a máquina que fica sob
guarda do juiz e os computadores que fazem a totalização dos votos é
realizada por meio de uma rede de computadores privativa. E foi
exatamente nessa rede que Rangel conseguiu se infiltrar.
Esses
computadores responsáveis pela totalização ficam na zona-mãe eleitoral
(no caso das eleições municipais) ou nos TREs, e, depois de reunir os
votos de cada região, enviam os dados para o TSE que por sua vez
totaliza e computa o resultado geral.
Imagem: Reprodução / HowStuffWorks |
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