terça-feira, 30 de julho de 2013

Os caminhos para um acordo de paz entre Israel e palestinos

Enquanto israelenses e palestinos se preparam para a primeira tentativa de um acordo de paz em quase três anos, sob liderança dos Estados Unidos, a BBC relaciona os principais pontos de divergência - ou convergência - entre as três partes envolvidas no processo.
Jerusalém: um dos principais alvos da disputa | Foto: AFP
Lei Básica Israelense define: "Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel
As conversas foram retomadas nesta semana com os Estados Unidos como mediadores. O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta terça-feira que a meta é chegar a um acordo final em um prazo de nove meses e que "todas as questões" que dividem israelenses e palestinos serão debatidas.  
 
"Todas estarão na mesa, com um simples objetivo: uma visão para pôr fim ao conflito", declarou Kerry, afirmando que as duas partes estão comprometidas com "negociações sustentadas, contínuas e substanciais a respeito das questões centrais" em debate.

Segundo o governo americano, novas negociações serão realizadas nas próximas duas semanas, em Israel ou nos territórios palestinos, e os lados envolvidos concordaram em manter os detalhes em segredo.

Leia abaixo, um resumo dos principais pontos de disputa para a negociaçãop de um acordo de paz.
 
Jerusalém

Israel
O governo israelense não está disposto a dividir Jerusalém, local definido por Israel para ser o centro político e religioso da população judia. Essa definição está na Lei Básica Israelense, de 1980, que estabelece que "Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel". No passado, existia algum espaço para manobra para uma possível divisão de áreas nas fronteiras. Em tentativas de diálogo em 2000 e 2007, o governo israelense à época propôs a troca de alguns distritos mais afastados do centro de Jerusalém.

Palestinos
Os palestinos querem o leste de Jerusalém como capital do Estado da Palestina - a área era ocupada pela Jordânia antes de ser retomada pelos israelenses em 1967.

O leste de Jerusalém, também conhecido como "cidade velha", é considerado o terceiro lugar mais sagrado do Islã, local onde está a mesquita de al-Aqsa e a Cúpula da Rocha (ou Domo da Rocha), de onde, acreditam os palestinos, Maomé teria visitado o céu em seu cavalo alado Burak.

Estados Unidos
Os Estados Unidos não reconhecem a anexação feita por Israel do leste de Jerusalém e mantêm sua embaixada em Tel Aviv. O presidente Barack Obama se opôs ao plano de construir casas para israelenses no leste de Jerusalém. Ele chegou a dizer, antes de se tornar presidente, que a tarefa de dividir a cidade seria uma "muito difícil de executar".
 
Fronteiras

Israel
O primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu aceita que um estado palestino deva existir e que haverá a necessidade de cessão de partes da Cisjordânia (área tomada por Israel em 1967) para acomodá-lo. Israel já retirou suas tropas e população dos assentamentos da faixa de Gaza. O país gostaria que a área de borda incluísse os assentamentos israelenses que cresceram na Cisjordânia e Jerusalém. Entretanto, alguns membros do Likud - partido de direita que faz parte do gabinete de Netanyahu - não aceitam a ideia da coexistência dos estados como solução para o conflito com os palestinos.

Palestinos
Eles querem que as negociações comecem a partir da premissa básica de que as terras tomadas por Israel em 1967 - a Cisjordânia, o leste de Jerusalém e Gaza - pertencem à futura Palestina. Qualquer área dada aos israelenses nesses locais deveria ser compensada por uma equilibrada troca de terras. Eles têm esperança de que o reconhecimento pela ONU e a regras definidas pela União Europeia para disputa, que foram baseadas no acordo de cessar-fogo de 1967, fortaleceram a posição palestina nas negociações com Israel.

Estados Unidos
Os EUA concordam com a premissa palestina para o início das negociações, mas não com o seu final. Eles discordam sobre o uso das regras definidas em 1967 e sobre o fato de que a troca de terras deva ser feito com base em qualquer acordo.
 
Assentamentos

Israel
O governo israelense insistiu previamente em manter seus principais assentamentos no leste de Jerusalém e na região da Cisjordânia. Qualquer mudança nessa premissa romperia a coalizão que forma o governo de Israel. O país recusou-se a reintroduzir o congelamento parcial dos assentamentos com uma precondição para retomar o diálogo. O último congelamento expirou em 26 de setembro de 2010.

Palestinos
Para os palestinos, o ideal seria que todos os assentamentos israelenses fossem abandonados, como aconteceu em Gaza. Entretanto, eles parecem aceitar que alguns assentamentos israelenses possam permanecer, e devem requisitar o estabelecimento de um número limite para isso, além de uma troca de terras equivalente à quantidade que porventura venha a ficar. Eles não participaram da última rodada de negociações com Israel depois que o acordo para o congelamento das áreas, feito em 26 de setembro de 2010, não foi renovado pelos israelenses.

Estados Unidos
Assim como a anexação do leste de Jerusalém não é aceita pelos americanos, os EUA também não reconhecem a legitimidade internacional dos assentamentos israelenses na região da Cisjordânia. Mas eles aceitam que esta é uma realidade e devem fazer pressão para um compromisso. 

Refugiados

Israel
Os israelenses rejeitam a ideia de que aos refugiados palestinos de guerras anteriores deveria ser possibilitado o "direto de retorno" às suas antigas casas. Eles dizem que este seria um mecanismo para destruir o estado de Israel pela demografia, já que isso estabeleceria um estado palestino unitário. Por esta razão, Netanyahu defende que Israel deva ser reconhecido como um estado judeu.

Palestinos
Formalmente, os palestinos mantém a ideia do "direito de retorno", argumentando que sem ele uma grande injustiça não seria desfeita. Entretanto, negociações regulares entre os próprios palestinos definem que este "direito" poderia ser atingido por meio de compensação. Eles refutam o conceito de Israel como um "estado judeu", afirmando que isto é desnecessário e que ignora os direitos dos cidadãos israelenses que são árabes.

Estados Unidos
Os EUA entendem a recusa de Israel em aceitar refugiados palestinos em seu território e esperam que a questão possa ser resolvida pela compensação e ajuda humanitária para aqueles que não conseguirem retornar para a sua antiga moradia.

Segurança

Israel
O governo israelense teme que um estado palestino algum dia possa cair nas mãos do grupo extremista Hamas ou que seja utilizado para atacar Israel. Por isso, eles têm insistido em manter amplas medidas de controle de segurança na área do vale do rio Jordão e pedem para que o estado palestino seja amplamente desmilitarizado.

Palestinos Argumentam que a segurança na região será conseguida pela coexistência estável dos dois estados - palestino e israelense. Os palestinos querem que o estado da Palestina seja reconhecido com o máximo de atributos de um estado comum. O presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas, teme que um estado com status de cliente - sem o poder total atribuído a um estado comum - não poderia ser mantido e ficaria aberto ao controle do Hamas.

Estados Unidos
Os EUA aceitam a necessidade israelense por segurança, mas também compreendem que os palestinos precisam de um estado e a conciliação dessas duas posições é um objetivo da diplomacia americana. Entretanto, é improvável que reconheça um estado palestino que não saia de uma negociação. O secretário de estado americano, John Kerry, apontou o general aposentado John Allen como um conselheiro especial para tratar das questões de segurança israelenses.
 
BBC
DeOlhOnafigueira

Um comentário:

  1. Existe um grande porem em tudo isto, é que a guerra aqui, não é do hamas e Israel, e sim do alcorão com a BIBLIA, é da Luz com as trevas.

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