Psicóloga cristã diz que “Deus pode curar, mas ele também capacita pessoas para cuidarem de pessoas”
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Essas taxas continuam avançando, especialmente em países pobres e em desenvolvimento. Os especialistas dizem que esse é um fenômeno complexo, que “exige abordagens em múltiplas frentes”.
O tema suicídio parece ganhar maior visibilidade quando se trata da morte de celebridades. A Associação Internacional de Prevenção do Suicídio, maior ONG atuando nessa área, foi fundada na década de 1960. Por causa de sua atuação, foi criado o Setembro Amarelo, que se consolidou como data mundial de conscientização sobre o problema.
Porém, campanhas não são o suficiente, como lembra o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, diretor e superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). “A forma de abordagem ainda é preconceituosa. As pessoas não querem aceitar que a doença mental existe. Mas é preciso deixar claro que suicídio é uma emergência médica. Quase 100% das pessoas que tentaram ou se suicidaram têm um quadro psiquiátrico. E são doenças mentais tratáveis. É o preconceito que estrangula a prevenção”, aponta.
No meio cristão
A psicóloga Roseli Kühnrich, que escreve extensivamente sobre como o suicídio também está presente nas igrejas, atingindo inclusive pastores, diz que “independentemente da classe social, cultura ou religião, atinge todo tipo de pessoa”.
Segundo ela, “como cristãos, não nos compete julgar, mas acolher as famílias enlutadas, não aumentando o seu enorme sofrimento”. Kühnrich destaca que há ajuda disponível para os que a buscam: “O preconceito religioso de buscar ajuda baseia-se num triunfalismo perigoso. ‘Deus vai me curar’, garantem alguns. Sim, Deus pode, mas ele tem capacitado pessoas para cuidarem de pessoas”.
“Um cristão que sofre com diabetes, câncer ou qualquer enfermidade busca ajuda além de orar. Os adoecimentos psíquicos e mentais podem e devem ser tratados. A oração é um dos elementos nesse processo. Cremos num Deus encarnado em Jesus que suspirou diante das misérias humanas, não ironizou nem ridicularizou ou condenou os enfermos. Oferecer ajuda e compreensão para os que sofrem de problemas psicológicos também é missão da Igreja”, encerrou.
No Brasil
Em nosso país, há situações que chamam atenção, como a dos indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM), onde a taxa de mortalidade por suicídio entre a população adulta é 22,7 — quase quatro vezes maior que a média nacional (5,7 em cada 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde).
Atualmente, o Brasil não tem um plano nacional de prevenção de suicídio. Existe um projeto para que seja executado a partir de 2020, quando o país deverá comprovar redução de 10% na taxa de suicídio, segundo indica a OMS.
Os dados de 2017 da Agenda Estratégica de Prevenção do Suicídio, indicam que o levantamento a taxa do ocorrido em 100 mil aumentou de 5,3, em 2011, para 5,7, em 2015.
Contudo, os números podem ser ainda maiores. O Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde depende dos dados enviados pelas autoridades, mas conforme lembram os especialistas, há subnotificação. “Quantos casos não entram como envenenamento, atropelamento, acidente, intoxicação?”, lembra o diretor e superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva.
Ao mesmo tempo, o psiquiatra Quirino Cordeiro, coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do ministério diz que “Nos últimos anos, houve um aumento importante nas taxas de suicídio, o que liga o sinal de alerta do ministério.”. Com informações de Correio Braziliense
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