Pressionado pela linha dura, Netanyahu deu luz verde à expansão da operação em Gaza. Forças israelitas recomendaram a evacuação de várias localidades palestinianas, ONU confirma mais de 18 mil refugiados nas suas instalações.
O Governo israelita não se pronunciou ainda sobre estes lançamentos e também ainda não retaliou, continuando a cumprir a trégua por si declarada.
A decisão israelita, de cariz humanitário, foi anunciada ao início da noite desta quarta-feira. No início do dia, as forças judaicas tinham aconselhado a evacuação de várias localidades do norte e centro da Faixa de Gaza, onde vivem mais de cem mil pessoas, em antecipação de uma nova chuva de bombas contra alvos do Hamas ou, eventualmente, do avanço dos tanques e tropas israelitas pelo território dominado pelo Hamas.
O alerta para os perigos para a população da nova ofensiva surgiu poucas horas depois de o Governo de Benjamin Netanyahu ter confirmado a intensificação dos esforços militares israelitas, após o fracasso de uma proposta de tréguas avançada pelo Egipto. “Aqueles que não cumprirem [as instruções de evacuação] estarão a pôr em risco a sua vida e das suas famílias”, sublinhava uma gravação telefónica dirigida aos residentes de Shejaia e Zeitoun, dois bairros de Gaza City. A mensagem foi reforçada em panfletos distribuídos pelo ar e SMS.
Apesar de muitos analistas estimarem que, dado o teor dos alertas, as forças israelitas estavam prestes a iniciar uma ofensiva terrestre para a destruição de túneis e bunkers, os tanques concentrados na zona de fronteira permaneceram do lado israelita. “Para já, as directivas são de continuar os ataques aéreos e, se necessário, recorrer às forças terrestres de forma táctica e comedida”, informou uma fonte israelita citado pela Reuters.
Mais oito mil reservistas do Exército foram mobilizados para possíveis operações de combate, depois de o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ter dado luz verde à “expansão” da campanha militar contra o Hamas, em resposta à morte de um civil israelita (ferido por estilhaços quando transportava mantimentos para as tropas estacionadas na fronteira). E o chefe do Governo está a ser pressionado pelos seus aliados políticos para avançar com a ofensiva terrestre.
No total, Israel já disparou contra 1825 alvos seleccionados em Gaza: lançadores de rockets, edifícios governamentais, casas de activistas islâmicos, mas também mesquitas, hospitais e outras “instituições civis” que as forças de Telavive dizem servir de armazém ou esconderijo para o arsenal do Hamas. Os ataques provocaram danos em 79 escolas e 23 clínicas geridas pelas Nações Unidas, adiantou o porta-voz da agência de apoio aos refugiados palestinianos, Chris Gunness, que também confirmou que o número de residentes que está temporariamente abrigado em instalações da ONU em Gaza City já ascende a 18 mil.
As autoridades de saúde palestinianas colocam o número de vítimas dos bombardeamentos em 213, com mais de 1500 feridos. Nesta quarta-feira, morreram mais 16 pessoas, entre as quais quatro meninos, entre os nove e os 11 anos, que brincavam numa praia onde caiu um dos mísseis israelitas. “Cinco minutos antes, estive a jogar à bola com eles”, escreveu o correspondente da cadeia norte-americana NBC. O ataque ocorreu em frente do hotel onde estão hospedados muitos jornalistas estrangeiros – o britânico Peter Beaumont, do The Guardian, foi um dos que assistiram ao ataque e ainda tentou socorrer os rapazes. Mas “em dez minutos tudo acabou. Até o fumo no cais da praia desapareceu.”
De acordo com as IDF, durante o dia foram atacados “50 pontos terroristas em Gaza”: entre os alvos seleccionados estiveram túneis e infra-estruturas do Hamas, “centros de actividade terrorista” e locais de lançamento de rockets. Os militantes disseram que foram atacadas 30 casas, entre as quais de quatro líderes do Hamas. Os mísseis atingiram ainda o Ministério do Interior e o centro de reabilitação de Al-Wafa, reportou a AFP.
Pelo seu lado, o Hamas disparou 1200 rockets para o território vizinho nos últimos oito dias – uma grande parte foi interceptada pelo sistema de defesa antiaéreo Iron Dome. Nenhum dos 61 projécteis disparados na quarta-feira desde Gaza causaram danos ou feridos, disseram à Reuters os serviços de emergência israelitas.
Publico.pt
DeOlhOnafigueira
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