Por Hermes C. Fernandes
Dentre elas, a existência de uma raça angelical que na película é chamada de guardiões. De acordo com o enredo, tais seres teriam ajudado os homens depois que estes foram expulsos do paraíso.
Como castigo, Deus os teria exilado na terra em forma de monstros de pedra. É aqui que o enredo esbarra com o relato bíblico, segundo o qual, os guardiões, também chamados de Bene-Elohim, haviam se rebelado contra as instruções divinas e se envolvido sexualmente com mulheres humanas, gerando uma raça híbrida conhecida como os Nefilins.
A primeira medida tomada por Deus para corrigir o erro dos guardiões foi
enviar um Dilúvio ao mundo. Não queremos aqui discutir a abrangência de
tal cataclismo, se foi universal ou local. Mas o fato é que Deus queria
separar uma estirpe pura, que fosse preservada ao longo dos séculos,
até que chegasse a plenitude dos tempos, e o Filho de Deus fosse enviado
para redimir a humanidade.
Antes de enviar o Dilúvio, Deus chamou a Noé, e o ordenou a construir
uma arca. Qual foi o critério pelo qual Deus escolheu justamente a Noé?
Será que ele era perito em tecnologia náutica? Não. Será que ele era um
homem perfeito sob o ponto de visto moral ou mesmo ético? Não. Se fosse,
não teria se embriagado e se exposto ao ridículo, como fez, sendo alvo
de chacota do próprio filho.
Há razões para crermos que os guardiões contaminaram não apenas os seres
humanos, mas também os animais. A serpente do Éden estava, por assim
dizer, se alimentando do pó da terra, comprometendo geneticamente as
criaturas de Deus (Gn.3:14). Lembremo-nos que, tanto o homem, quanto os
animais, provém do “pó da terra”, que é uma metáfora para células, e mais precisamente para genes (Gn.1:24; 2:7; Ec.3:18-20).
O texto declara enfaticamente que “a terra, porém, estava corrompida diante de Deus” (Gn.6:11). Por isso Deus anunciou: “Destruirei de sobre a face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal” (Gn.v.7).
Em meio a esta corrupção (não apenas moral, mas genética), Deus encontrou Noé que era “homem justo e íntegro em suas gerações”, e ainda por cima, “andava com Deus” (v.9).
O texto original indica claramente que Noé era puro em sua genealogia.
Isto é, ele não havia sido contaminado pelo gene angélico. Por isso,
Deus o escolheu para dar origem à estirpe que traria Seu Filho ao mundo.
Mesmo com a contaminação da raça humana pelo gene angélico e com a
manipulação genética que resultou no surgimento de raças híbridas de
animais, Deus resolveu não exterminá-los completamente. Além de poupar a
Noé e sua família, Deus também decidiu poupar os animais, mesmo aqueles
que houvessem sido resultado de manipulação genética de tais seres.
Entretanto, Deus ordenou a Noé que de cada animal limpo levasse sete
casais, mas dos animais impuros, apenas um casal (7:2). É a primeira vez
que surge na Bíblia a distinção entre animais limpos e impuros. Quando a
Bíblia relata a criação dos animais, os distribui em várias categorias:
selvagens, domésticos, aves, répteis, peixes. Não encontramos ali a
categoria “impuros”.
De onde surgiu esta discriminação?
Há relatos extrabíblicos que afirmam que os anjos manipularam
geneticamente os animais, criando novas espécies. Creio que tais
espécies foram consideradas impuras por serem resultado de tais
manipulações.
Quando Deus outorgou a Lei, proibiu que tais animais fossem consumidos. E
por quê? Porque poderiam, ao longo das gerações, causar algum
comprometimento genético à estirpe pela qual Cristo deveria vir ao
mundo. É por isso que, depois que Cristo veio e cumpriu Sua missão
redentora, tais proibições foram invalidadas.
Paulo expressou sua compreensão acerca disso ao declarar: “O fim da Lei é Cristo” (Rm.10:4).
Em outras palavras, o objetivo da Lei era Cristo. Tendo Cristo vindo ao
mundo, já não haveria necessidade de certas precauções.
Era necessário que a estirpe pela qual Jesus viria fosse preservada de
qualquer contaminação genética, a fim de que Jesus fosse 100% Homem, tão
puro geneticamente quanto Adão. As leis higiênicas e dietéticas tinham
este objetivo.
Dentre os animais considerados impuros, o que mais chama a atenção é o
porco. É interessante ressaltar a proximidade genética e morfológica
entre o porco e o ser humano. Por isso, são cada vez mais comuns pontes
de safena com tripas de porco, e transplantes de órgãos de porco para
humanos.
Não seria o porco um produto de manipulação genética feita pelos
guardiões? Ora, se hoje há raças caninas resultantes de manipulação
genética, por que não seria razoável supor que houvesse raças de animais
resultantes de manipulação por parte de tais seres? Talvez algumas
figuras mitológicas, como o minotauro, metade homem, metade animal,
tenham sido inspiradas nessas experiências.
Flavio Josefo, historiador judeu, conta que nos dias que antecederam a
queda de Jerusalém, uma vaca deu à luz um cordeiro no Templo em plena
festa da Páscoa. A glória de Deus já havia deixado aquele recinto
outrora sagrado, e que agora estava entregue às hordas rebeldes
capitaneadas por Satanás.
Com o Dilúvio, a raça humana teria sido reduzida a um grupo de oito
pessoas, a saber, Noé, sua esposa, seus três filhos e respectivas
esposas. Se o Dilúvio tinha como objetivo exterminar a raça híbrida, de
onde teriam vindo os gigantes que aparecem nas páginas da Bíblia até os
dias de Davi?
É plausível acreditar que tenha havido novas incursões angelicais ao
mundo, e, conseqüentemente, novas experiências genéticas envolvendo
seres humanos.
Depois do episódio que ficou conhecido como Torre de Babel, os homens
foram distribuídos pelo mundo, e se organizaram em nações, e cada uma
delas invocava seus próprios deuses. A invocação a estes deuses deu-lhes
liberdade para que voltassem a transitar entre os homens, e aqui
proliferassem sua semente.
Mais uma vez a humanidade estava sendo contaminada pelo gene maligno. Babel se tornou num portal para que os Bene-Elohim retornassem a terra.
Foi nesse ínterim que Deus chamou a Abraão.
Abraão representa um novo início. Deus lhe ordena a sair da terra dos
Caldeus, onde florescia a civilização Suméria, para uma terra que ainda
lhe seria mostrada. O patriarca teve que romper com sua família, com sua
herança cultural, e aventurar-se por uma terra desconhecida, e que
posteriormente seria dada por herança à sua posteridade.
Sabemos que Sara, mulher do patriarca, era estéril. Como poderia Deus
cumprir o que prometera, se sua esposa era incapaz de conceber?
Acolhendo a ideia de sua própria esposa, Abraão tomou sua escrava Hagar,
para que esta lhe desse um descendente. Porém, Deus não Se agradara de
tal iniciativa. Hagar era egípcia, descendente de Cão, o filho de Noé
que fora amaldiçoado; portanto, sua ascendência não era pura.
Abraão era semita, isto é, descendente de Sem, de quem Deus pretendia
suscitar uma estirpe santa pela qual Seu Filho seria enviado ao mundo.
Abraão já tinha cem anos, e Sara, sua mulher, noventa anos. Além de ter sido estéril por toda a vida, “Sara havia cessado o costume das mulheres” (Gn.18:11). Ora, se Sara não ovulava mais, como poderia conceber? O texto sagrado diz que “o
Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido.
Sara concebeu, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo
determinado, de que Deus lhe falara” (Gn.21:1-2).
Não foi apenas um milagre feito à distância. O Senhor visitou a Sara!
O escritor de Hebreus diz que Sara “recebeu poder de conceber um filho, mesmo fora da idade”
(Hb.11:11). Receber poder de conceber é o mesmo que receber um óvulo
para que fosse fecundado pelo sêmen de Abraão. De onde veio esse óvulo?
Terá sido produzido naturalmente pelos ovários de Sara? Absolutamente,
não! Deus não restaurou seus ovários. Mas lhe deu “poder” para conceber.
O óvulo que fora colocado no ventre de Sara pode ter sido produzido
pelo Espírito Santo e inseminado por Deus. Sendo assim, Isaque teria
sido gerado pelo próprio Espírito Santo! Evidência bíblica? Em Gálatas
4:28-29, Paulo diz que Isaque “nasceu segundo o Espírito”.
Em sua concepção, Isaque teve o sêmen humano e o óvulo produzido pelo
Espírito; o inverso de Jesus, que teve o sêmen do Espírito fecundando o
óvulo humano.
Isso não faria de Isaque um ser semelhante a Jesus? Não! Deus estava
tão-somente preparando o caminho genético que culminaria com o
invólucro, isto é, o ventre que hospedaria Jesus por nove meses.
Foi necessário que Isaque fosse gerado desta maneira, para preparar
geneticamente a estirpe de onde Jesus viria. De Isaque a Jesus foram 42
gerações, isto é: 7 x 6. Sete é o número que representa a divindade,
enquanto seis representa a humanidade. Estas 42 gerações eram
necessárias para que a humanidade fosse preparada para mesclar-se à
divindade na Pessoa de Jesus.
O envolvimento do guardiões com as humanas não tinha apenas motivação
libidinosa ou romântica, mas era uma estratégia que visava contaminar a
raça humana e impedir que se cumprisse a promessa feita no Éden de que
da semente da mulher viria o que esmagaria a cabeça da serpente.
Talvez o link entre os guardiões descritos na Bíblia e os monstros de
pedra do filme "Noé" seja o fato de tais seres terem acabado se tornando
nos ídolos das nações, geralmente feitos de pedra.
Hermes C. Fernandes
DeOlhOnafigueira Hermes C. Fernandes
Veja também:
O bíblico e o anti-bíblico no filme Noé lançado por Hollywood
Muito bom esse texto.
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