domingo, 28 de dezembro de 2014

Nova doutrina militar de Putin coloca EUA e Otan como maiores ameaças à Rússia

Em 2015, Moscou deve reforçar alianças como o Brics e a Organização de Cooperação de Xangai 

Reuters
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aprovou nesta sexta-feira (26) uma nova doutrina militar, que leva em conta as mudanças geopolíticas e de segurança que aconteceram este ano com a crise na Ucrânia e que aponta os Estados Unidos e a Otan como maiores ameaças.

Entre as principais ameaças exteriores para a Rússia, o documento destacou o aumento do potencial militar da Aliança Atlântica, sua aproximação das fronteiras russas e ter assumido funções globais, que para a Rússia violam o direito internacional.

Além disso, fez referência à teoria de "ataque global" embaralhada pelos Estados Unidos, que contempla um ataque estratégico, mas sem o uso de armas nucleares; em vez de armamento de alta precisão o início de uma corrida armamentista no cosmos.

A nova doutrina mostrou que a Rússia adotará medidas para resistir às tentativas de certas potências de conseguir "superioridade militar" por meio do desdobramento de elementos estratégicos de defesa antimísseis, em clara alusão à presença do escudo americano na Europa.

Outras ameaças externas listadas são as pretensões sobre o território da Rússia e de seus aliados, a ingerência em assuntos internos e a explosão de conflitos em territórios limítrofes com a Rússia ou de seus aliados.

O documento publicado no site do Kremlin introduziu o conceito de "contenção não nuclear", que consiste em manter as Forças Armadas da Rússia em estado de alerta máximo como manobra dissuasória para prevenir possíveis conflitos.

Como instrumento de prevenção de conflitos destacou a cooperação com os países que integram o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), da Organização de Cooperação de Xangai, que inclui Rússia e China, e da OSCE (Organização de Segurança e Cooperação na Europa).

Outros perigos para a segurança da Federação Russa são a escalada do terrorismo e do extremismo internacional, e "a ameaça real da comissão de atos terroristas com o uso de substâncias radioativas e químicas".

Pela primeira vez a doutrina militar russa fez referência à defesa dos interesses nacionais no Ártico, região que possui recursos naturais e onde a Rússia se propõe instalar várias bases militares, em particular no arquipélago de Nova Zembla.

Também destacou que a prioridade da cooperação político-militar com as regiões separatistas georgianas da Abkhazia e Ossétia do Sul, cuja independência foi reconhecida por Moscou em 2008, é garantir sua defesa e segurança de maneira conjunta.

Quanto às ameaças internas, advertiu contra as tentativas de desestabilizar a situação política e social e de reverter a ordem constitucional; a ameaça terrorista e as campanhas que pretendem incutir na população questionamentos sobre as tradições históricas e espirituais do país.

A nova doutrina optou por não modificar o artigo 22 e introduzir o direito a um ataque nuclear preventivo, como especularam alguns meios de comunicação, e estabeleceu que o país só recorrerá ao seu arsenal atômico em caso de agressão.

"A Federação Russa se reserva ao direito a usar armas nucleares em resposta ao emprego contra si e (ou) contra seus aliados de diferentes tipos de armas nucleares ou de destruição em massa, e também no caso de uma agressão contra a Rússia com armamento convencional, quando sob ameaça esteja a própria subsistência do Estado", diz o texto.

Semana passada, ao discutir o documento com altos cargos da Defesa e do Exército, Putin afirmou que a nova doutrina, que substituirá a vigente desde 2010, continuaria sendo estritamente defensiva.

Mas ele não hesitou em qualificar de "impressionantes" os planos de rearmamento do exército russo, que receberá em 2015 mais de 50 novos mísseis intercontinentais capazes de superar o escudo americano. 
 
R7
DeOlhOnafigueira

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