Uma discórdia crescente a respeito da localidade sagrada mais volátil
de Jerusalém gerou uma crise entre Israel e Jordânia nesta quarta-feira
e Amã convocou seu embaixador pela primeira vez desde o tratado de paz
de 1994 entre os dois países.
Como sinal
das tensões, um palestino atirou o carro contra pedestres no centro de
Jerusalém também nesta quarta-feira, matando um policial paramilitar de
fronteira israelense antes de ser morto a tiros pela polícia. Mais de
uma dezena de pessoas ficaram feridas.
Em um
segundo ataque mais tarde, uma van dirigida por um palestino atropelou
três soldados na Cisjordânia ocupada. Um deles estava gravemente ferido e
os outros dois sofreram ferimentos moderados, disseram um porta-voz do
serviço de ambulâncias e a polícia.
O incidente
em Jerusalém ocorreu depois de embates violentos entre a polícia
israelense e palestinos na entrada da mesquita de Al-Aqsa, datada do
século 8, o terceiro local mais sagrado para o Islamismo.
Autoridades
palestinas disseram que as forças de Israel atravessaram o limiar da
mesquita pela primeira vez desde 1967. A polícia israelense negou ter
entrado no recinto religioso.
Bem no
momento em que Israel lida com o segundo atentado palestino mortal em
Jerusalém em duas semanas, e com o risco de um terceiro levante
palestino, a Jordânia trouxe uma nova dimensão ao conflito chamando seu
diplomata de volta.
Falando em
Paris, na França, antes de se reunir com o secretário de Estado dos
Estados Unidos, John Kerry, o ministro jordaniano das Relações
Exteriores, Nasser Judeh, declarou que Amã retirou seu embaixador por
causa da situação no complexo da mesquita de Al-Aqsa.
"Enviamos mensagens reiteradas para Israel, direta e indiretamente, dizendo que Jerusalém é uma linha vermelha", afirmou Judeh.
Ele acusou
os israelenses de violações e incursões, de impedir as pessoas de orar
livremente e de permitir a entrada de extremistas. "Estas violações são
revoltantes" para os muçulmanos do mundo todo, disse.
A Petra,
agência de notícias oficial do reino árabe, relatou que a Jordânia irá
apresentar uma queixa ao Conselho de Segurança da Organização das Nações
Unidas (ONU) por conta das ações de Israel na cidade e no complexo
conhecido pelos muçulmanos como Nobre Santuário, que abriga a mesquita
de Al-Aqsa e o santuário do Domo da Rocha.
Os
muçulmanos creem que o profeta Maomé ascendeu aos céus do Domo da Rocha
no século 7, e os judeus reverenciam a colina da Cidade Velha de
Jerusalém como Monte do Templo, local mais sagrado do Judaísmo onde dois
templos bíblicos teriam sido erguidos.
O porta-voz
do ministro israelense das Relações Exteriores, Emanuel Nahshon,
declarou que o gesto da Jordânia foi equivocado e que não contribui para
o apaziguamento das tensões.
“Esperamos
que a Jordânia repudie a violência premeditada vinda de Ramallah (na
Cisjordânia ocupada), e a morte de inocentes que isso causou”, disse
Nahshon em um comunicado.
A medida
jordaniana ocorreu pouco mais de uma semana depois de o país e Israel
comemorarem o 20º aniversário de seu tratado de paz.
Em uma
cerimônia em 26 de outubro reconhecendo o marco, o embaixador
jordaniano, Walid Obeidat, usou um tom de alerta ao mencionar uma
campanha de ultranacionalistas israelenses para suspender uma proibição
de Israel às orações de judeus no complexo sagrado.
Obeidat
disse que qualquer mudança no quadro atual acabaria ameaçando o acordo, o
segundo do gênero que Israel firmou com um Estado árabe desde o tratado
com o Egito em 1979.
O
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ofereceu garantias
públicas de que irá manter o arranjo existente para que os muçulmanos
possam rezar no complexo.
O local tem
sido administrado por autoridades religiosas jordanianas desde antes e
depois da captura israelense de Jerusalém Oriental da Jordânia na guerra
de 1967.
Na semana
passada, Israel fechou o complexo na Cidade Velha de Jerusalém em meio
aos episódios crescentes de violência entre palestinos e israelenses. A
medida enfureceu o rei Abdullah, da Jordânia, que é o zelador oficial da
localidade sagrada.
O embaixador
de Israel na Jordânia, Daniel Nevo, afirmou que o governo israelense se
mostrou bastante sensível à posição de Amã em relação a Al-Aqsa e ao
papel mais abrangente do reino pró-Ocidente em um Oriente Médio cada vez
mais dividido pelos conflitos sectários.
“Nosso maior
temor na atualidade é que alguém esteja tentando criar distúrbios no
Monte do Templo para atear fogo na região, para prejudicar tanto a
Jordânia quanto Israel”, afirmou Nevo à Rádio Israel.
“Acredito ser de comum interesse de Israel e da Jordânia sobreviver ao Estado Islâmico e aos extremistas ao norte e ao leste”.
Para
Netanyahu, o mais recente ataque em Jerusalém foi um resultado direto do
que ele chamou de incitação por parte do Hamas e do presidente
palestino apoiado pelo Ocidente, Mahmoud Abbas, sobre a situação no
complexo sagrado.
O Correio de Deus
DeOlhOnafigueira
Nenhum comentário:
Postar um comentário