Kim Jong-Un, líder da Coreia do Norte, se reúne com cientistas em campo de pesquisas de armas nucleares; a foto sem data foi divulgada nesta quinta-feira (9) pela agência KCNA (Foto: KCNA / AFP) |
Desde o início das manobras, na segunda-feira, a Coreia do Norte lançou ameaças diárias contra Washington e Seul e inclusive falou da possibilidade de "ataques nucleares preventivos", algo que provocou uma reação irada da Rússia.
Na quinta-feira, Kim Jong-un subiu mais uma vez o tom e ordenou "mais testes nucleares para avaliar a potência destrutiva das ogivas nucleares (miniaturizadas) fabricadas recentemente", informou a agência de notícias governamental KCNA.
Na quarta-feira, Kim havia revelado que seus cientistas conseguiram miniaturizar armas atômicas, detalhe essencial para poder colocá-las nos mísseis de ataque.
"Isso pode ser chamado de verdadeiro elemento de dissuasão nuclear", disse Kim.
A ordem de Kim de novos testes nucleares ocorreu depois do exercício de voo com dois mísseis balísticos de curto alcance , disse a KCNA.
Estes mísseis caíram a 500 km da Coreia do Norte sobre o Mar do Japão. O lançamento foi parte de um exercício de contra-ataque nuclear e a meta, "simular a detonação de bombas nucleares em altitude pré-determinada sobre alvos localizados em portos sob controle de forças estrangeiras agressivas", informou a agência norte-coreana.
Depois do teste, Kim, ao falar sobre as manobras realizadas por sul-coreanos e americanos, advertiu que caso seja danificada "uma única folha de grama" norte-coreana "darei ordem de lançar imediatamente um contra-ataque com todos os meios militares disponíveis".
Quanto dano a Coreia pode causar?
O tema da miniaturização é crucial, já que, embora se reconheça que a Coreia do Norte dispõe de um pequeno arsenal de armas nucleares, as dúvidas giram sobre a real capacidade da nação comunista de detonar seus explosivos em alvos situados a grande distância.
O outro aspecto em discussão é a capacidade norte-coreana de controlar o reingresso à atmosfera de um míssil balístico de longo alcance, e que não exploda com o atrito, ou que caia em um local muito distante do desejado.
Sobre este ponto os especialistas ocidentais são bastante céticos acerca do grau de domínio norte-coreano da tecnologia de reingresso.
Só existem provas até agora de que a Coreia do Norte conseguiu dominar a tecnologia do lançamento e da colocação em órbita, o que fez no mês passado com um lançamento de um míssil balístico.
"Uma ogiva nuclear de um míssil intercontinental precisa voltar à terra, e a Coreia do Norte jamais demonstrou dispor de uma tecnologia que permita a um veículo espacial, incluindo uma bomba, sobreviver ao reingresso na atmosfera", explicou dias atrás o engenheiro espacial John Schilling, que seguiu de perto o programa norte-coreano. "Mas se conseguirem (dominar esta tecnologia), a ameaça coreana, que até hoje é apenas algo teórico, se tornará muito real e alarmante", acrescentou.
As tensões na península da Coreia aumentaram após o quarto teste nuclear norte-coreano em janeiro e o lançamento do míssil intercontinental em fevereiro, ambas violatórias das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que aumentou as sanções contra o regime comunista de Pyongyang.
AFP
DeOlhOnafigueira
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