domingo, 24 de julho de 2016

Marca da Besta? Executivos dos maiores bancos do mundo se reuniam secretamente em Walt Street para testar dinheiro digital a nível global


Mais de 100 executivos de algumas das maiores instituições financeiras do mundo se encontraram para uma reunião privada no escritório da Nasdaq na Times Square.

Eles não foram até lá apenas para conversar sobre blockchain, a nova tecnologia que alguns dizem que transformará as finanças, mas para produzir e fazer experimentos com o software.

No fim do dia, eles tinham visto algo revolucionário: dólares americanos transformados em ativos digitais puros, que podem ser usados para executar e liquidar uma transação instantaneamente.

Essa é a promessa da tecnologia blockchain, na qual o sistema complicado e sujeito a erros que leva dias para movimentar dinheiro pela cidade ou ao redor do mundo é substituído por uma certeza quase instantânea. O evento foi criado pela Chain, uma das muitas startups que buscam revolucionar a indústria financeira, e contou com a presença de representantes da Nasdaq, do Citigroup, da Visa, da Fidelity, da Fiserv, da Pfizer e de outras empresas.

O evento -- anunciado em um comunicado nesta segunda-feira -- marcou um momento-chave na evolução da tecnologia blockchain, notável tanto pelo que conseguiu quanto pela quantidade de empresas envolvidas. O potencial da tecnologia cativou os executivos de Wall Street porque oferece uma forma de liberar bilhões de dólares acelerando transações que atualmente podem levar dias, deixando o capital amarrado. Mas uma enorme peça desse quebra-cabeças é a transformação de dinheiro em um formato digital. E, embora algumas empresas tenham realizado experimentos, o evento da Chain mostrou que um grande número delas atualmente está buscando uma possível solução conjunta.

“Nós criamos um dólar digital” para mostrar ao grupo na Nasdaq uma operação de débito e outra de crédito instantâneas em blockchain, disse Marc West, diretor de tecnologia da Fiserv, empresa de transações e pagamentos com mais de 13.000 clientes em todo o setor financeiro. “Esta é a primeira vez em que o dinheiro foi movimentado”.

Produção silenciosa
A Chain já é conhecida em alguns círculos em Wall Street por seu projeto para ajudar a Nasdaq a mudar a transação de ações de empresas não-públicas para blockchain. Mas para a maioria, a empresa se manteve relativamente silenciosa em comparação com outras firmas de tecnologia financeira.

A empresa com sede em São Francisco também usou a reunião de 11 de abril para apresentar a seus clientes e investidores a Chain Open Standard, uma plataforma blockchain de código aberto que a empresa vem desenvolvendo há mais de um ano, disse Adam Ludwin, presidente da companhia. O que a Chain fez foi criar os elementos complicados necessários para que a tecnologia blockchain funcione, de forma que seus clientes possam construir soluções personalizadas com base nisso para resolver problemas comerciais, disse ele.

“Construímos silenciosamente com o apoio de toda uma equipe durante alguns anos”, disse ele. “Blockchains são redes, por isso consideramos a colaboração importante, mas o que é ainda mais importante que a colaboração no começo é ter o modelo correto”. O evento foi mantido em segredo para que os executivos pudessem compartilhar ideias incipientes de forma livre e assumir riscos. “Quanto maior a presença da mídia, menor a qualidade do diálogo e a solução dos problemas”, disse ele.

O sistema de blockchain mais comum é aquele que respalda o dinheiro digital bitcoin, que funciona desde 2009. As empresas financeiras têm relutado em adotar o bitcoin, contudo, porque seus usuários anônimos poderiam complicar os bancos com violações de regras que visam impedir a lavagem de dinheiro e as normas de verificação de identidade do cliente. Os dólares americanos digitais, ou qualquer outra moeda fiduciária, por outro lado, não apresentam esses riscos.

Ludwin disse que a tecnologia de blockchain foi aprovada por Wall Street e que agora é hora de se concentrar em criar soluções.

“Reunir tudo isso não é trabalho pequeno, tampouco reformular os processos comerciais dentro de grandes organizações”, disse ele. “Isso não é ‘engenharia financeira’. Isso é engenharia de software, algo que dará nova forma aos serviços financeiros”.
 
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DeOlhOnafigueira

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