Séculos depois da Inquisição e da conversão forçada dos cristãos-novos, nordestinos buscam suas raízes
O som do chifre de carneiro, o shofar, pontua, na Sinagoga Israelita do
Recife, o rito dos bnei anussim – como são chamados os descendentes dos
judeus convertidos ao cristianismo na Espanha e em Portugal nos séculos
15 e 16.
Foto de Felipe Goifman
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A terra seca do agreste já não vê água há anos. Quando chove um pouco, verdeja, os pássaros cantam, as árvores revivem e, como por um milagre, o judaísmo também renasce nas vozes comovidas dos presentes, com toda a força ancestral. Na maior parte das vezes, os bnei anussim aprendem sozinhos o significado das palavras e das rezas hebraicas, com o auxílio da internet, e têm uma vida judaica tão profunda e verdadeira quanto muitos dos judeus dos centros urbanos. No entanto, vivem aprisionados entre dois mundos. O seu direito de retorno ao judaísmo está sendo discutido no Knesset, o Parlamento israelense.