quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Impactante discurso do embaixador israelense Ron Prosor na Assembleia Geral da ONU

Discurso dado às 16h00 em 24Nov2014
Sr. Presidente,
Apresento-me diante do mundo como um orgulhoso representante do Estado de Israel e do povo judeu. Apresento-me ereto frente a vocês por saber que a verdade e a moralidade estão do meu lado. E apesar disto, estou  aqui sabendo que hoje, nesta Assembléia, a verdade será colocada de cabeça para baixo e moralidade será posta de lado.
O fato em questão é que, quando os membros da comunidade internacional falam sobre o conflito israelense-palestino, uma névoa desce no intuito de encobrir toda a lógica e clareza moral. O resultado não é a realpolitik e sim a surrealpolitik.
O foco incansável do mundo sobre o conflito israelense-palestino é uma injustiça para com dezenas de milhões de vítimas da tirania e do terrorismo no Oriente Médio. Enquanto falamos, yazidis, bahai, curdos, cristãos e muçulmanos estão sendo executados e expulsos por extremistas radicais a uma taxa de 1.000 pessoas por mês.
Quantas resoluções vocês aprovaram na semana passada para enfrentar esta crise? E quantas sessões especiais foram convocadas? A resposta é zero. O que isso diz sobre a preocupação internacional para a vida humana? Não muito, mas diz muito sobre a hipocrisia da comunidade internacional.
Estou diante de vocês para falar a verdade. Dos 300 milhões de árabes no Oriente Médio e Norte da África, menos de meio por cento são verdadeiramente livres e eles são todos cidadãos de Israel.
Os árabes israelenses são alguns dos árabes mais bem educados do mundo. Eles estão entre nossos principais médicos e cirurgiões, eles são eleitos para o nosso parlamento  e também servem como juízes em nossa Suprema Corte. Milhões de homens e mulheres no Oriente Médio gostariam de receber essas oportunidades e liberdades.
No entanto, nação após nação, virão a esta tribuna hoje para criticar Israel — a pequena ilha de democracia em uma região assolada por tirania e opressão.
Sr. Presidente,
O nosso conflito nunca foi sobre a criação de um Estado Palestino. Sempre foi sobre a existência do Estado Judeu.
Há sessenta e sete anos atrás, nesta semana, em 29 de novembro de 1947, as Nações Unidas votaram pela partilha da terra em um Estado Judeu e um Estado Árabe. Simples. Os Judeus disseram sim. Os árabes disseram não. Mas eles não apenas disseram não. Egito, Jordânia, Síria, Iraque, Arábia Saudita e Líbano lançaram uma guerra de aniquilação contra nosso estado recém-nascido.
Esta é a verdade histórica que os árabes estão tentando distorcer. O erro histórico dos árabes continua a ser sentido — em vidas perdidas na guerra, vidas perdidas para o terrorismo e vidas marcadas por interesses políticos estreitos dos árabes.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 700.000 Palestinos foram deslocados na guerra iniciada pelos próprios árabes. Ao mesmo tempo, cerca de 850.000 Judeus foram forçados a fugir dos países árabes.
Por que é que, 67 anos depois, o deslocamento dos judeus foi completamente esquecido por esta instituição, enquanto o deslocamento dos palestinos é o tema de um debate anual?
A diferença é que Israel fez o possível para integrar os refugiados judeus na sociedade. Os árabes fizeram exatamente o oposto.
A pior opressão do povo palestino ocorre em nações árabes. Na maior parte do mundo árabe, nega-se aos palestinos direitos de cidadania e eles são agressivamente discriminados. Lhes é proibido possuir terras e são impedidos de entrar em certas profissões.
E, no entanto nenhum — nem um sequer — desses crimes são mencionados nas resoluções aqui tomadas.
Se vocês estivessem realmente preocupados com o sofrimento do povo palestino haveria uma, bastava uma, resolução para discutir os milhares de palestinos mortos na Síria. E se vocês fossem tão verdadeiramente preocupados com os palestinos, haveria pelo menos uma resolução para denunciar o tratamento de palestinos em campos de refugiados Libaneses.
Mas não há. O motivo é que o debate de hoje não é para discutir a paz ou para falar sobre o povo palestino – é sobre a falar contra Israel. Não é nada mais que um festival de ódio e agressões contra Israel.
Sr. Presidente,
As nações Européias afirmam acreditar em Liberté, Égalité, Fraternité — liberdade, igualdade, fraternidade — mas nada poderia estar mais longe da verdade. Eu ouço muitas vezes os líderes europeus proclamarem que Israel tem o direito de existir em fronteiras seguras. Isso é muito lindo. Mas eu devo dizer — faz tanto sentido como me colocar aqui proclamando o direito da Suécia de existir em fronteiras seguras.
Quando se trata de questões de segurança, Israel aprendeu da maneira mais difícil que nós não podemos depender dos outros — certamente não da Europa.
Em 1973, no dia do Yom Kippur — o dia mais sagrado do calendário judaico — as nações árabes vizinhas lançaram um ataque contra Israel. Nas horas antes do início da guerra, Golda Meir, a nossa então Primeira-Ministra, tomou a difícil decisão de não lançar um ataque preventivo. O Governo de Israel compreendeu que se lançasse um ataque preventivo, perderíamos o apoio da comunidade internacional.
À medida que os exércitos árabes avançavam em todas as frentes, a situação em Israel ficou desesperadora. Nosso número de vítimas foi crescendo e nós estávamos perigosamente vendo esgotarem-se nossas armas e munições. Neste difícil momento, nossa hora de necessidade, o presidente Nixon e o Secretário de Estado Henry Kissinger, concordaram em enviar aviões Galaxy carregados com tanques e munições para reabastecer as nossas tropas. O único problema era que os aviões Galaxy precisavam ser reabastecidos a caminho de Israel.
Os Estados Árabes estavam se aproximando e nossa própria existência estava ameaçada — e ainda assim, a Europa não estava mesmo disposta a deixar os aviões reabastecer. Os EUA entraram em cena mais uma vez e negociaram para que os aviões tivessem permissão para reabastecer nos Açores.
O governo e o povo de Israel nunca esquecerão que, quando a nossa própria existência estava em jogo, apenas um país veio à nossa ajuda — os Estados Unidos da América.
Israel está cansado de promessas vazias de líderes europeus. O povo judeu tem uma memória longa. Nós nunca vamos esquecer que nos faltaram na década de 1940. Vocês nos faltaram em 1973. E vocês estão nos faltando novamente hoje.
Cada Parlamento Europeu, que votou para prematuramente e de forma unilateral reconhecer um Estado Palestino está dando aos palestinos exatamente o que eles querem — um Estado sem paz. Ao entregar-lhes um estado numa bandeja de prata, vocês estão recompensando ações unilaterais e tirando qualquer incentivo para que os palestinos negociem, se comprometam ou renunciem à violência. Vocês estão enviando a mensagem de que a Autoridade Palestina pode montar um governo com terroristas e incitar a violência contra Israel, sem pagar qualquer preço.
O primeiro membro europeu a reconhecer oficialmente um Estado Palestino foi a Suécia. É preciso saber por que o governo sueco estava tão ansioso para dar este passo. Quando se trata de outros conflitos em nossa região, o governo sueco pede negociações diretas entre as partes - mas para os palestinos, surpresa, surpresa, eles estendem o tapete vermelho. A Secretária de Estado Söder pode pensar que ela está aqui para celebrar o chamado reconhecimento histórico de seu governo, quando na realidade isto nada mais é do que um erro histórico.
O governo sueco pode sediar a cerimônia do Prêmio Nobel, mas não há nada de nobre em sua cínica campanha política para apaziguar os árabes, no intuito de obter um assento no Conselho de Segurança. As nações no Conselho de Segurança devem ter bom senso e sensibilidade. Bem, o governo sueco não demonstrou nenhum bom senso, nenhuma sensibilidade. Apenas um despropósito.
Israel aprendeu da maneira mais difícil que ouvir a comunidade internacional pode trazer consequências devastadoras. Em 2005, unilateralmente nós desmantelamos cada assentamento e removemos todos os cidadãos da Faixa de Gaza. Será que isso nos trouxe mais perto da paz? De modo nenhum. Só abriu o caminho para que o Irã envie seus terroristas prepostos para estabelecer uma fortaleza de terror à nossa porta. Posso assegurar-lhe que não vamos cometer o mesmo erro novamente. Quando se trata de nossa segurança, não podemos e não iremos depender dos outros — Israel deve ser capaz de defender a si mesma e por si só.
Sr. Presidente,
O Estado de Israel é a terra de nossos antepassados — Abraão, Isaac e Jacob. É a terra para onde Moisés levou o povo judeu, onde David construiu seu palácio, onde Salomão construiu o Templo Judaico, e onde Isaías teve a visão de uma paz eterna.
Por milhares de anos, os judeus viveram continuamente na terra de Israel. Nós resistimos à ascensão e queda dos impérios assírio, babilônico, grego e romano. E resistimos a milhares de anos de perseguições, expulsões e cruzadas. O vínculo entre o povo judeu e à terra judaica é inquebrável. Nada pode mudar uma verdade simples — Israel é a nossa casa e Jerusalém é a nossa capital eterna.
Ao mesmo tempo, reconhecemos que Jerusalém tem um significado especial para outras religiões. Sob soberania israelense, todas as pessoas — e eu vou repetir isso, todas as pessoas — independentemente da religião e nacionalidade podem visitar os locais sagrados da cidade. E temos a intenção de manter isso dessa maneira. Os únicos que tentam mudar o status quo no Monte do Templo são os líderes palestinos.
O presidente Abbas está dizendo a seu povo que os judeus estão contaminando o Monte do Templo. Ele pediu por “dias de revolta” e exortou os palestinos a impedir que os judeus visitem o Monte do Templo usando (cito exatamente) “todos os meios necessários”. Essas palavras são tão irresponsáveis quanto são inaceitáveis.
Você não tem de ser católico para visitar o Vaticano, você não tem que ser judeu para visitar o Muro das Lamentações, mas alguns palestinos gostariam de ver o dia em que só os muçulmanos possam visitar o Monte do Templo.
Vocês, a comunidade internacional, estão dando uma mão aos extremistas e fanáticos. Vocês, que pregam tolerância e liberdade religiosa, deveriam ter vergonha. Israel nunca vai deixar isso acontecer. Nós vamos assegurar que os lugares santos permaneçam abertos a todas as pessoas de todas as crenças em todos os tempos.
Sr. Presidente,
Ninguém quer a paz mais do que Israel. Ninguém precisa explicar a importância da paz para os pais que enviaram seu filho para defender nossa pátria. Ninguém conhece as chances de sucesso ou fracasso melhor do que nós, israelenses. O povo de Israel derramou muitas lágrimas e enterrou muitos filhos e filhas.
Estamos prontos para a paz, mas não somos ingênuos. A segurança de Israel é primordial. Só um Israel forte e seguro pode alcançar uma paz abrangente. O mês passado deve deixar claro para qualquer um que Israel tem necessidades de segurança imediatas e prementes. Nas últimas semanas, os terroristas palestinos dispararam e esfaquearam nossos cidadãos e por duas vezes jogaram seus carros contra multidões de pedestres. Apenas alguns dias atrás, terroristas armados com machados e uma arma, selvagemente agrediram judeus durante as orações da manhã. Chegamos ao ponto em que os israelenses não podem sequer encontrar refúgio do terrorismo no santuário de uma sinagoga. Estes ataques não surgiram no vácuo. Eles são o resultado de anos de doutrinação e de incitamento. Um provérbio judaico ensina: “Os instrumentos tanto da morte como da vida estão no poder da língua”.
Como judeu e como israelense, eu sei com absoluta certeza de que, quando nossos inimigos dizem que querem nos atacar, eles estão falando sério. A Constituição genocida do Hamas pede a destruição de Israel e o assassinato de judeus em todo o mundo. Durante anos o Hamas e outros grupos terroristas enviaram homens-bomba a nossas cidades, lançaram foguetes contra nossas cidades e enviaram terroristas para raptarem e assassinarem nossos cidadãos. E o que dizer da Autoridade Palestina? Ela está liderando uma campanha sistemática de incitamento. Nas escolas, as crianças estão sendo ensinadas que a “Palestina” se estenderá desde o rio Jordão até o mar Mediterrâneo. Nas mesquitas, os líderes religiosos estão espalhando calúnias cruéis, acusando os judeus de destruir locais sagrados muçulmanos. Em estádios de esportes, as equipes têm o nome de terroristas. E nos jornais, charges exortam os palestinos a cometer ataques terroristas contra Israelenses.
Crianças na maior parte do mundo crescem assistindo desenhos de Mickey Mouse cantando e dançando. Crianças palestinas também crescem assistindo Mickey Mouse, mas na televisão nacional palestina um personagem macabro vestido como Mickey Mouse dança com um cinto de explosivos e canta “Morte à América e morte aos judeus”.
Eu os desafio para que se levantem aqui hoje e façam algo construtivo para uma mudança. Publicamente denunciem a violência, repudiem a incitação e enfrentem a cultura do ódio.
A maioria das pessoas acreditam que em sua essência, o conflito é uma batalha entre judeus e árabes ou israelenses e palestinos. Eles estão errados. A batalha que estamos presenciando é uma batalha entre aqueles que santificam a vida e aqueles que celebram a morte.
Após o ataque selvagem em uma sinagoga Jerusalém, celebrações eclodiram em cidades e aldeias Palestinas. As pessoas dançavam na rua e distribuam doces.Os jovens posavam com machados, alto-falantes nas mesquitas davam os parabéns e os terroristas foram saudados como “mártires” e “heróis”.
Esta não é a primeira vez que vimos os palestinos comemorarem o assassinato de civis inocentes. Vimo-los alegrarem-se depois de cada ataque terrorista contra civis Israelenses e eles até foram às ruas para comemorar o ataque de 11 de setembro ao World Trade Center aqui em New York.
Imaginem o tipo de Estado que esta sociedade produziria. Será que o Oriente Médio realmente precisa de outra terror-cracia? Alguns membros da comunidade internacional estão ajudando e sendo cumplices em sua criação.
Sr. Presidente,
Ao entrar na Organização das Nações Unidas, passamos as bandeiras de todos os 193 Estados membros. Se você usar algum tempo para contar, você vai descobrir que existem 15 bandeiras com um crescente e 25 bandeiras com uma cruz. E então há uma bandeira com uma estrela de David Judaica. Entre todas as nações do mundo há um estado — apenas um pequeno estado nação para o povo judeu.
E para algumas pessoas, isso já é demais.
Estando aqui hoje, diante de vocês, eu me lembro de todos os anos em que o povo judeu pagou com seu sangue pela ignorância e indiferença do mundo. Esses dias não hão de existir novamente.
Nós nunca pediremos desculpas por ser um povo livre e independente em nosso estado soberano. E nunca vamos nos desculpar por nos defender. Às nações que continuam a permitir que preconceitos prevaleçam sobre a verdade, eu digo “J’accuse”. (*)
Eu os acuso de hipocrisia. Eu os acuso de duplicidade.
Eu os acuso de dar legitimidade àqueles que buscam destruir nosso Estado.
Eu os acuso de falar sobre direito de auto-defesa de Israel, em teoria, mas negá-lo na prática.
E eu acuso de exigir concessões de Israel, mas sem pedir nada aos palestinos.
Em face a estes comportamentos, o veredicto é claro. Vocês não são pela paz e vocês não são pelo povo palestino. Vocês simplesmente são contra Israel.
Os membros da comunidade internacional têm uma escolha a fazer.
Vocês podem reconhecer Israel como Estado-nação do povo judeu ou permitir que a liderança palestina negue nossa história sem conseqüências. Vocês podem declarar publicamente que a chamada “alegação de retorno” é um não-começo, ou então podem permitir que essa alegação permaneça sendo o grande obstáculo a qualquer acordo de paz.
Vocês podem trabalhar para acabar com a incitação palestina, ou ficarem inertes enquanto o ódio e o extremismo continuam a criar raízes para muitas das gerações vindouras.
Vocês podem prematuramente reconhecer um Estado Palestino ou podem incentivar a Autoridade Palestina a romper seu pacto com o Hamas e voltar às negociações diretas.
A escolha é vossa. Vocês podem continuar a orientar os palestinos para fora do curso desejável ou pavimentar o caminho para a paz verdadeira e duradoura.
Obrigado, Sr. Presidente.
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(*) J’Accuse é o título de um veemente artigo de Emile Zola sobre a falácia do caso Dreyfus na França. Alfred Dreyfus, oficial Judeu, foi injustamente condenado como traidor. Graças a Emile Zola e seu artigo J’Accuse provou-se sua inocência e foi condenado o Coronel C. D’Estarhazy, o real traidor da França – Nota do Tradutor
Tradução de Marcos L. Susskind
Web Judaica
DeOlhOnafigueira

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