Pela primeira vez na história de Israel, uma eleição, a de terça-feira, não tem como item predominante a questão palestina ou, mais amplamente, a da segurança, o que envolve a ameaça iraniana.
É o que constata, por exemplo, Noah Efron, da Universidade Bar-Ilan: "As questões de segurança, que dominaram a política israelense por décadas e recebiam a maior parte da atenção no exterior, não têm sido um fator predominante nesta eleição".
Reforça Daniel Levy, cientista político e pesquisador-sênior da Century Foundation, na qual dirige a iniciativa Perspectivas para a Paz:
"O Irã, por exemplo, mal apareceu nesta campanha eleitoral. A corrida tampouco tem sido realmente a respeito dos palestinos".
Tais percepções empíricas ganharam comprovação, digamos, científica em pesquisa publicada no dia 9 pelo sítio "Times of Israel": o levantamento mostra que as relações com os palestinos são prioridade para apenas 16% dos israelenses.
Não é difícil entender o desinteresse pelos palestinos: "Nos últimos sete ou oito anos, Israel se tornou mais seguro e mais próspero do que nunca, graças à construção da barreira de separação entre Israel e a maior parte da Cisjordânia, ao fim da segunda intifada e à eficiência da Autoridade Palestina em suprimir a resistência armada", explica Noam Sheifaz, editor da revista eletrônica "+972".
Consequência: "Poucos israelenses sentem a necessidade de negociar com os palestinos, uma vez que já obtiveram um grau de estabilidade a um custo relativamente baixo".
Com isso, os palestinos tornaram-se invisíveis.
Prova-o o fato de que até o Partido Trabalhista, teoricamente mais inclinado a buscar um acordo com os palestinos, começou a campanha falando sobre economia, custo de vida, baixos salários, em busca dos votos dos "indignados" israelenses, que promoveram formidáveis manifestações no verão passado.
É sintomático que o fenômeno eleitoral do momento seja Naftali Bennett, magnata do software, que empurrou a campanha ainda mais para a direita. Líder da Habayit Hayehudi (Casa Judaica), Bennett anuncia planos para anexar 60% da Cisjordânia palestina, o que formalizaria um sistema de apartheid.
Com Bennett no jogo, a divisão em Israel em torno da questão palestina ficou assim: o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu defende frouxamente a solução dos dois Estados, mas faz tudo para inviabilizar um Estado palestino minimamente aceitável.
Bennett simplesmente nega o direito dos palestinos ao Estado que as Nações Unidas lhes concederam.
Mas o apelo de Bennett se deve, segundo Daniel Levy, menos a seu plano radical e mais ao fato de que "seu partido enfatiza questões sociais, o serviço militar [que os religiosos não prestam] e sua versão de valores judaicos, tirando ênfase não apenas do seu plano de anexação como também do radicalismo dos colonos incluídos na sua lista".
Todas as pesquisas indicam que Netanyahu ganhará a eleição, mas o certo, desde já, é que os palestinos perderam --de novo.
É o que constata, por exemplo, Noah Efron, da Universidade Bar-Ilan: "As questões de segurança, que dominaram a política israelense por décadas e recebiam a maior parte da atenção no exterior, não têm sido um fator predominante nesta eleição".
Reforça Daniel Levy, cientista político e pesquisador-sênior da Century Foundation, na qual dirige a iniciativa Perspectivas para a Paz:
"O Irã, por exemplo, mal apareceu nesta campanha eleitoral. A corrida tampouco tem sido realmente a respeito dos palestinos".
Tais percepções empíricas ganharam comprovação, digamos, científica em pesquisa publicada no dia 9 pelo sítio "Times of Israel": o levantamento mostra que as relações com os palestinos são prioridade para apenas 16% dos israelenses.
Não é difícil entender o desinteresse pelos palestinos: "Nos últimos sete ou oito anos, Israel se tornou mais seguro e mais próspero do que nunca, graças à construção da barreira de separação entre Israel e a maior parte da Cisjordânia, ao fim da segunda intifada e à eficiência da Autoridade Palestina em suprimir a resistência armada", explica Noam Sheifaz, editor da revista eletrônica "+972".
Consequência: "Poucos israelenses sentem a necessidade de negociar com os palestinos, uma vez que já obtiveram um grau de estabilidade a um custo relativamente baixo".
Com isso, os palestinos tornaram-se invisíveis.
Prova-o o fato de que até o Partido Trabalhista, teoricamente mais inclinado a buscar um acordo com os palestinos, começou a campanha falando sobre economia, custo de vida, baixos salários, em busca dos votos dos "indignados" israelenses, que promoveram formidáveis manifestações no verão passado.
É sintomático que o fenômeno eleitoral do momento seja Naftali Bennett, magnata do software, que empurrou a campanha ainda mais para a direita. Líder da Habayit Hayehudi (Casa Judaica), Bennett anuncia planos para anexar 60% da Cisjordânia palestina, o que formalizaria um sistema de apartheid.
Com Bennett no jogo, a divisão em Israel em torno da questão palestina ficou assim: o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu defende frouxamente a solução dos dois Estados, mas faz tudo para inviabilizar um Estado palestino minimamente aceitável.
Bennett simplesmente nega o direito dos palestinos ao Estado que as Nações Unidas lhes concederam.
Mas o apelo de Bennett se deve, segundo Daniel Levy, menos a seu plano radical e mais ao fato de que "seu partido enfatiza questões sociais, o serviço militar [que os religiosos não prestam] e sua versão de valores judaicos, tirando ênfase não apenas do seu plano de anexação como também do radicalismo dos colonos incluídos na sua lista".
Todas as pesquisas indicam que Netanyahu ganhará a eleição, mas o certo, desde já, é que os palestinos perderam --de novo.
Folha de São Paulo
DeOlhOnafigueira
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