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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Pedra com suposta profecia de anjo Gabriel é centro de mostra em Israel

Pedra "A Revelação do Anjo Gabriel", exposta em Israel
Uma pedra áspera, rachada, com 87 linhas escritas a tinta em hebraico antigo. Apenas metade é legível. Nas linhas 77, 80 e 82, o narrador se apresenta: "Eu sou Gabriel".

É uma das aparições mais antigas desse anjo, que tem papel-chave no judaísmo, no cristianismo e no islamismo, servindo de ponte entre as três religiões monoteístas.

No texto, Gabriel se dirige a um interlocutor, provavelmente um profeta ou um visionário, a quem o anjo faz sua revelação a respeito de um ataque a Jerusalém.
 
"É uma profecia escrita em pedra na época em que Jesus nasceu", afirma à Folha o pesquisador Israel Knohl, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele é um dos responsáveis pelo estudo do objeto conhecido como "A Revelação de Gabriel".

A pedra é o centro de uma recém-inaugurada exposição no Museu de Israel. O artefato é considerado o mais relevante no campo da teologia desde os manuscritos do mar Morto, encontrados em 1947.

Knohl é também o responsável pela interpretação --hoje contestada-- de que a "Revelação de Gabriel" registra uma ideia de ressurreição messiânica anterior à Bíblia.

Isso porque, na linha de número 80 da pedra, um trecho da fala de Gabriel está apagado. Knohl interpretou a passagem como dizendo que, após três dias, "você deverá viver". A tradução em exposição no Museu de Israel afirma apenas que "em três dias, o sinal será dado".

CAMINHO
Acredita-se que a "Revelação de Gabriel" tenha sido encontrada na margem leste do mar Morto em 2000 por beduínos, de onde iniciou sua jornada por vendedores de antiguidades até chegar às mãos do colecionador suíço-israelense David Jeselsohn. A análise mineral da pedra dá ênfase à teoria.

O artefato data dos anos ao redor do nascimento de Cristo. "Ele nos dá informações sobre esperanças e expectativas do povo naquele tempo", diz Knohl.

"A Revelação de Gabriel" está exposta no Museu de Israel ao lado de outros registros judaicos, além de textos cristãos e islâmicos. "Quisemos apresentar o papel mutável do anjo Gabriel por meio dos manuscritos", diz o curador Adolfo Roitman.

A disposição dos objetos lembra um monastério ou uma yeshivá (escola religiosa judaica). A luz fraca contribui para o clima introspectivo.

Os anjos são identificados, na tradição abraâmica (judaísmo, cristianismo, islamismo), como portadores de profecias e de segredos, conectando o humano, em meio a suas aflições, a Deus.

Na Bíblia judaica, o anjo Gabriel aparece no livro de Daniel. Ele também é mencionado nos textos dos manuscritos do mar Morto.

Na Bíblia cristã, ele é citado duas vezes em Lucas. Na segunda, anunciando a Maria o nascimento de Jesus.

No Alcorão, ele tem papel fundamental, pois é por meio de Gabriel (ou, em árabe, "Jibril") que Maomé recebe as palavras de seu livro sagrado.
 
 
Folha de S. Paulo
DeOlhOnafigueira

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