Quando se trata de ajudar o próximo, ateus e agnósticos são mais
propensos a agir por compaixão do que pessoas religiosas. Pelo menos foi
o que um novo estudo descobriu.
Os resultados não querem dizer que pessoas que são altamente religiosas
não fazem doações ou não ajudam, mas sim que a caridade é movida por
outras coisas, que não a compaixão.
Segundo Robb Willer, coautor do trabalho e psicólogo social da
Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA), o estudo descobriu “que para
pessoas menos religiosas, a força de suas conexões emocionais a outras
pessoas é crítica para determinar se elas vão ajudar esta pessoa ou não.
As pessoas mais religiosas, por outro lado, baseiam sua generosidade
menos na emoção, e mais em outros fatores, como doutrina, identidade
comunal, ou preocupações com a reputação”.
O interesse nesta questão partiu de Laura Saslow, uma das coautoras e
atualmente estudante de pós-doutorado na Universidade da Califórnia, São
Francisco. Um amigo não religioso se lamentou ter doado dinheiro para a
recuperação do terremoto no Haiti somente depois de ver um vídeo
emocionante de uma mulher sendo retirada dos escombros, e não por uma
compreensão lógica de que a ajuda era necessária.
A experiência de ateus sendo influenciados por emoções para mostrar
generosidade para estrangeiros fora então replicada em três grandes
estudos sistemáticos.
No primeiro, Saslow e colegas analisaram dados de uma pesquisa nacional
que consultou mais de 1.300 adultos em 2004. Nesta pesquisa, atitudes de
compaixão foram ligadas a comportamentos generosos, e se descobriu que
esta ligação era mais forte entre ateus e pessoas com religiosidade
fraca do que entre as que eram bem religiosas.
No segundo experimento, 101 adultos viram um vídeo neutro ou emocional
sobre crianças pobres. Elas receberam então 10 dólares falsos e lhes
disseram que poderiam dar quanto quisessem para um estranho. Os menos
religiosos eram os que davam mais depois de ter visto primeiro o vídeo
emocional.
Finalmente, 200 estudantes relataram seu nível atual de compaixão e
então jogaram jogos econômicos em que eles recebiam dinheiro para
compartilhar ou não com um estrangeiro. Os que eram menos religiosos,
mas estavam passando por um momento de compaixão dividiram mais.
Para entender os fatores que motivam a generosidade nas pessoas
religiosas são necessários mais estudos. Porém, a pesquisa recente
mostra claramente que a compaixão e empatia não são os únicos fatores.
Willer resume as descobertas em uma frase: “A pesquisa sugere que,
apesar de pessoas menos religiosas tenderem a ser vistas com mais
desconfiança nos EUA, quando elas sentem compaixão, são muito mais
inclinadas a ajudar seus semelhantes do que pessoas religiosas”.
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